História de Pardilhó
Freguesia / História
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O nome de "Pardilhó"
[1346-1357]
A Terra Marinhoa, onde se inclui Pardilhó, foi criada por aluvião, conquistando espaço ao oceano pelo depósito de areias do mar, do rio Vouga e outros rios. No ano de 929 mencionam-se salinas nos arredores de Fontela (Avanca), provavelmente em terrenos onde hoje assenta Pardilhó. Seriam talvez os muros de pedra (paredes) dessas salinas que originaram o nome de Pardilhó, documentado pela primeira vez entre 1346-1357 num caderno de pergaminho, sob o nome «Pardilhoo» ou «Pardelhoo», onde também consta «Talhadoyo» e «Marinha do Talhadeiro». Nessa época os nomes das povoações vizinhas eram já quase todos conhecidos.

Doação ao Mosteiro de Arouca
[1257]
D. Afonso III doou em 1257 as villas de Antuã e Avanca (a que pertencia Pardilhó) ao Mosteiro de Arouca, assim formando o Couto de Antuã. O centro municipal passou mais tarde de Antuã para o lugar de Estarreja, mas foi ainda Antuã que recebeu foral em 1519. Só em meados do século XIX Estarreja deixou de pertencer ao Mosteiro de Arouca, em consequência das reformas do Liberalismo.

Igreja S.Pedro de Pardilhó
fim do século XVI
Quanto à administração eclesiástica, S. Pedro de Pardilhó adquiriu a sua autonomia, enquanto curato anexo à reitoria de Santa Marinha de Avanca, no fim do século XVI. Iniciou-se em 1638 a construção da primeira igreja, substituída pela actual inaugurada em 1835, que não chegou a acolher enterramentos e mantém o pavimento dividido em taburnos.

Cultura do Milho
primeira metade do século XVI
Na primeira metade do século XVI foi introduzido o milho grosso na agricultura, fruto das descobertas marítimas. O milho tornou-se a cultura dominante, substituindo o trigo e causando o aumento da população, por isso sendo causa próxima da autonomia paroquial. Entre as suas utilizações contam-se o fabrico do pão de broa e a aplicação na pecuária.

Construção Naval
séculos XIX e XX
A actividade económica mais significativa da história de Pardilhó é a construção naval. Segue a tradição mediterrânica (tábuas alinhadas, e não sobrepostas como na tradição nórdica), possuindo as embarcações fundo chato (adaptação local). Diversos estaleiros de construção naval estabeleceram-se afastados da frente ribeirinha, construindo-se barcos típicos da ria (moliceiros, mercantéis, bateiras, etc.) e de mar. Por outro lado ocorreu a construção de outros tipos de embarcações, em particular as típicas do Tejo (varinos, fragatas, etc.), geralmente na Ribeira d'Aldeia. Este fenómeno esteve na origem das migrações de construtores navais, para o Tejo e outras regiões de Portugal, nos séculos XIX e XX. Soma-se a construção por pardilhoenses no Nacinho, na Murtosa e em Ovar de alguns navios bacalhoeiros, no período da Primeira República, a um dos quais esteve associada uma seca de bacalhau na freguesia. A importância do sector da construção naval é atestada pela existência do Sindicato Nacional dos Carpinteiros Navais do Distrito de Aveiro (abrangendo o de Coimbra), sede regional da corporação (1937-1977).

Feira dos 9
séculos XX e XXI
Por tradição o mercado de Pardilhó, realizado todos os domingos, tinha lugar no largo central da freguesia, passando para recinto próprio (o actual) em 2001. Paralelamente fundou-se uma feira de gado em 1911, a realizar nos dias 9 de cada mês, e a partir de 1927 nos dias 9 e 23, extinguindo-se na década de 1980. A existência da feira contribuiu para a existência do vasto largo central que hoje se conhece. A ria de Aveiro foi até há poucas décadas a auto-estrada natural por onde circulavam pessoas e bens.

Emigração
meados do século XX
Terra de emigrantes, Pardilhó viu parte dos seus habitantes dirigirem-se para o Brasil até meados do século XX, e desde então principalmente para os Estados Unidos da América e França. Entre uma e outra fase foi importante destino a Venezuela, onde se distinguiu o construtor civil Francisco Farinhas (1914-1990), que após o regresso à terra natal se notabilizou como criador de um género de casa.

Elevação a Vila
2005
Consequência da revolução do 28 de Maio, Pardilhó pertenceu ao concelho de Ovar durante ano e meio (1926-1928), seguindo-se a reintegração em Estarreja. A freguesia foi elevada à categoria de vila em 2005.

Etnografia
A casa típica da região marinhoa é a Casa de Alpendre, construída com tijolos de adobe. Os tapetes de trapos são a peça de artesanato mais característica e comercializada. Foram célebres as padas de Pardilhó, para cujo fabrico procuravam pinhas nas serranias vizinhas os populares com menos posses.

Urbanismo
Urbanisticamente os vários lugares de Pardilhó fundem-se numa única povoação, possuindo um centro cívico especial pelos vários arruamentos que dele partem, como a cabeça de um polvo e seus tentáculos, possibilitando a expansão em todos os sentidos. Um novo centro tem crescido nos últimos anos na Quinta do Salgueiro, ou do Rezende, hoje com várias importantes valências sociais. Nessa quinta habitou na juventude Egas Moniz, que viria a fundar em 1901 em Pardilhó o jornal “O Concelho de Estarreja”, então destinado ao combate político.

Associativismo
séculos XIX e XX
Freguesia de forte dinâmica associativa, ganharam projecção duas bandas de música e seus clubes. Primeiro a Banda Club Pardilhoense (1874), conhecida por Banda Velha, que veio a integrar-se no Club Pardilhoense (1908) anos após a fundação deste. Originada numa dissidência desta banda, surgiu em 1928/9 a Banda Saavedra Guedes, conhecida por Banda Nova, junto da qual cresceu outro clube, que sobreviveu ao fim da sua banda e hoje tem vocação predominantemente desportiva. Entre ambas as bandas e clubes existiram rivalidades durante décadas, o que fomentou fecunda actividade cultural, seja na música, no teatro, ou até nos bailes que atraíam os rapazes das redondezas.

Personalidades
séculos XIX a XXI
Entre as mais destacadas personalidades de Pardilhó contam-se: D. Manuel Maria Ferreira da Silva (1888-1974), Bispo de Gurza, Arcebispo de Cízico, Bispo Auxiliar do Patriarca de Goa (Índia); Major Aurélio da Silva e Pinho (1921-2008), Maestro da Banda da Força Aérea; Maurício de Almeida (1897-1923), escultor; e José Bento (n. 1932), poeta e tradutor de língua espanhola.

Autor: Marco Pereira